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VELHOS CATÓLICOS: ORIGEM E ORGANIZAÇÃO
- A quarta sessão do Concílio do Vaticano I (1870) definiu a infalibilidade do Papa e seu primado de jurisdição sobre a Igreja inteira. O texto proposto à discussão dos conciliares foi debatido de março a julho. A assembleia se dividiu em dois campos: a grande maioria julgava a definição oportuna e necessária (eram apoiados por fiéis franceses ditos "ultramontanos", pois ultrapassavam a cordilheira dos Alpes para aderir a Roma); os demais eram contrários à definição; destes, poucos se opunham ao dogma como tal; outros negavam apenas a oportunidade de o proclamar, por causa das reações que isto poderia provocar. Entre os adversários da definição cita-se o Bispo Strossmayer, já apresentado em PR 477/2002, pp. 529.

O sacerdote bávaro (alemão) João José Inácio von Döllinger não participou do Concílio. Era favorável a criar Igrejas nacionais autocéfalas - tese esta que ele propagou através de seus escritos publicados sob os nomes de Janus, Quirinus e em seu próprio nome.

Após a definição da infalibilidade (18/07/1870), continuou a manifestar-se hostil ao Papado, que ele julgava desnecessário. A sua posição professada publicamente valeu-lhe a excomunhão da parte do arcebispo de Munique em 1871 - censura esta que em 1872 atingiu outros professores de Faculdades alemãs, por se terem agregado a Döllinger. Aos poucos, esses adeptos do mestre, à revelia do próprio mestre, resolveram fundar uma Igreja própria, cujo chefe era o professor João Frederico von Schulte, de Praga. A partir de 1872 foram sendo criadas paróquias de "Velhos-Católicos". Esta designação se deve ao fato seguinte: quando o arcebispo de Munique voltou de Roma, após o Concílio, convidou Inácio von Döllinger"a trabalhar para a Santa Igreja"; este respondeu secamente: "Sim, para a antiga Igreja!" - "Há uma só Igreja, replicou o arcebispo, não existe nova nem antiga Igreja!" - "Mas fizeram uma nova!", retrucou o professor. Por conseguinte Döllinger pertencia à velha Igreja; resolveram também pedir um Bispo para si em 1872 na pessoa do professor de Teologia Joseph Hubert Reinkens, que foi receber a ordenação episcopal das mãos do arcebispo jansenista[2] de Utrecht na Holanda.

Em Pentecostes de 1874 um Sínodo em Bonn aprovou a constituição eclesiástica traçada por Schulte: cada povo tem sua Igreja nacional autônoma, as Igrejas nacionais estão ligadas entre si pela "Conferência" dos seus Bispos. A autoridade suprema é o Sínodo, do qual fazem parte todos os eclesiásticos e os deputados dos leigos de cada paróquia; o Sínodo promulga leis e examina a administração. Na paróquia a autoridade suprema toca à assembleia dos fiéis, que elege o seu pároco; a este assiste o Conselho Paroquial.

Os Velhos Católicos aos poucos foram sendo penetrados por teses protestantes, que lhes pareciam corresponder à disciplina da Igreja dos oito primeiros séculos (donde o nome de Velhos-Católicos); rejeitaram, portanto, além do primado do Papa, o celibato sacerdotal, a confissão auricular, as indulgências, o culto aos Santos, as procissões e peregrinações, a Imaculada Conceição de Maria. Introduziram a língua alemã na Liturgia da Missa. Estas inovações causaram descontentamento dentro da própria comunhão cismática; dos Velhos-Católicos faziam-se Neo-Protestantes. O próprio Inácio von Döllinger abandonou publicamente facção que ele inspirara.

Aliás, a figura de Döllinger ficou sendo misteriosa. Ele não teria levado suas idéias a tais consequências práticas; não queria o cisma formal. Ao Núncio Apostólico Mons. Ruffo Sciila, que tentou reconciliá-lo com a Igreja Católica, respondeu Döllinger: "Não quero fazer parte de uma sociedade cismática. Estou isolado... 

Persisto em considerar-me membro da grande Igreja Católica". Conservou-se sempre fiel aos votos do seu sacerdócio; absteve-se de celebrar a S. Missa após a excomunhão. Sempre levou vida muito modesta, de severa sobriedade e muito trabalho. Parece que no fim da vida sentia saudades da Igreja de sua juventude. Desaconselhou mesmo a um de seus discípulos, Biennerhasset, que o seguisse no caminho tomado após o Vaticano I. 

O fato é que morreu em 1890 sem se ter reconciliado com a Igreja. Em 1889 os Velhos-Católicos e os jansenistas se aliaram na chamada "União de Utrecht". As tendências liberais se fizeram sentir muito especialmente na Suíça, onde os Velhos-Católicos são chamados "Igreja Cristã Católica", dirigida por leigos e não por clérigos, como na Alemanha, porque as razões de oposição ao Vaticano I eram mais políticas do que teológicas.

À comunhão dos Velhos-Católicos agregaram-se outros movimentos cismáticos de fundo nacionalista; assim a Igreja Nacional Iugoslava, criada após a primeira guerra mundial (1914-18) e a Igreja Nacional Polonesa, que teve origem entre os poloneses dos Estados Unidos e passou posteriormente para a Europa.

É de notar que os padres velhos-católicos celebram os ritos da Liturgia validamente. Pois, os velhos católicos têm a sucessão apostólica legítima (obtida em Utrecht, como dito); portanto têm capacidade de exercer válido ministério.

PRINCIPAIS CONCÍLIOS DA IGREJAO primeiro concílio da Igreja ocorreu em Jerusalém por volta do ano 50, quando foram discutidos assuntos relativos sobre a sujeição à lei mosaica pêlos pagãos convertidos ao cristianismo. Posteriormente a partir do ano 325 surgiram os chamados "Concílios Ecuménicos", num total de 21, dos quais os tradicionalistas reconhecem apenas sete; os demais podem ser encontrados nas bibliografias de Eclesiologia. l.Nicéia(325) 12. LatrãoIV(1215) 2. Constantinopla I (381) 13. Lião 1(1245) 3. Efeso(431) 14. Lião H (1274) 4. Calcedônia(451) 15. Viena-França(BH/12) 5. Constantinopla II (553) 16. Constança(1417) 6. Constantinopla III (680/1) 17. Ferrara-Florença (1438) 7.NicéiaII(787) 18. LatrãoV(1512> 8. Constantinopla IV (869/70) 19. Trento (1545-1563) 9. Latrãol(1123) 20. Vaticano 1(1 869) 10. LatrãoII(1139) 21. Vaticano II (1962/65) ll.LatrãoIII(1179)

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